Os "3 patetas" - Entre a sorte e a incompetência

Não, não estamos falando de uma nova comédia em cartaz nos cinemas. E sim da realidade que está diante de nossos olhos.


Li recentemente um comentarista esportivo tratar o "trio de ferro" do estadio olimpico (Kroeff, Krieger e Meira) como os 3 patetas do futebol gremista. Confeso que mesmo achando um pouco de desrespeito eu ri, e ri por concordar com o apelido. Até porque um desses caras me passa uma semana na frança e volta com um descontinho de 2% no valor do passe. Não paga nem a passagem de avião e a birosca parisiense que ele deve ter se hospedado.


Antes de que alguem comece a se exaltar e falar que este texto é pessimista e corneteiro quero deixar claro que ainda acredito que o Grêmio será campeão da libertadores. Mas ganharmos este título tão desejado não afeta em nada a minha opinião sobre como gerir um negócio chamado futebol e uma paixão chamada Grêmio. Além disso, o Grêmio se sagrar campeão é algo que vai além desta diretoria, que terá méritos, mas não será a grande causadora desta conquista e botará abaixo uma velha máxima que sempre diz que a sorte acompanha os bons e competentes, neste caso não é bem assim.

Não sou um defensor veemente da gestão Odone, apesar de dar todos os créditos pela recente situação do Grêmio (não digo a atual pois esta já não parece ser tão boa assim), mas acredito que o planejamento construído naquela época é muito mais influente nos resultados de hoje. Assim como o tri campeonato da Copa do Brasil foi muito mais uma herença da era Koff e Felipão, do que traços do planejamento e Cacalo e da estratégia de Evaristo de Macedo, mas enfim, vamos voltar desta nova direção.

Deste os debates para o pleito presidencial gremista ano passado mostraram que não teriamos um candidato a altura do Grêmio. Se do lado de lá o tal Vicente Martins já havia provado não ser muito eficiente em diretorias passadas, do lado de cá o filho playboy do patrono do Grêmio, mostrava-se totalmente desconhecedor das causas do Grêmio e com um discurso mais parecido com de taxista semi-informado comentando futebol com seu passageiro.

E foi montada toda uma equipe. A soberba tomou conta, e apareceram lapsos de amadorismos e de uma certa briga de egos para ver quem ficava com o maior conceito junto a torcida. Quando o Dr. Koff e o falador Cacalo sentiram sua unanimidade abalada na preferência do torcedor tricolor ele resolveu mostrar sua força colocando seu fantoche na presidência. Este por sua vez pareceu acatar as ordens diretas da cúpula eliminando as principais heranças (e boas) deixadas pela direção anterior. E assim vimos toda uma política de pés no chão ir por água abaixo, salários voltaram a atrasar, contratações precipitadas. E isso só foi feito porque torcedor é torcedor, e torcedor não quer saber de balanços patrimoniais, torcedor quer saber de encher aeroporto pra repatriar ex-craques. Torcedor não quer saber (a maioria) de estruturar a base, ele quer saber de inflar o elenco e ter opções, todas de nomes conhecidos.

Mas esses dirigentes (com mentalidade de torcedores sem conhecimento) se esqueceram que futebol é passo a passo. Nunca teremos investimentos se tivermos dividas. Nunca teremos craques se nao tivermos escola para craques. Nunca teremos um elenco de nivel se não pagarmos salários a estes. Nunca vamos ter respeito do mercado se não respeitarmos as leis do mercado.

Bom, resumo da ópera. Chegamos a um ponto que é o seguinte, ou ganhamos a libertadores ou os buracos dessa estrada irão começar a aparecer. Ou você acha que o Grêmio não venderá Douglas Costa na primeira oferta de meia tigela que surgir de um time de terceira categoria da europa. Vai vender sim, pois vai bater o desespero e não terão a quem recorrer. Sem investidores, sem receita. Daí só restará estes dirigentes exaltarem o gremismo de uma torcida que não precisa provar mais nada.

Sobre o ponto de vista das quatro linhas temos acertado mais do que errado. Krieger não é nenhum mestre da coordenação do futebol, mas acertou com Autuori. Assim como acertou com a permanência de Roth ano passado. Mas diante de boas atitudes cometeu o maior erro de todos, virar torcedor passional e cair na conversa da imprensa e do marketing colorado. Sentiu-se inferiorizado por palavras do outro lado e quase botou tudo a perder.

E diante disto tudo nos resta torcer, o que convenhamos não é pouca coisa. Nossa torcida já foi a maior responsável pelas inumeras taças do olimpico e é a unica que não pode ser vendida por essa e qualquer direção aventureira.

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