Killdozer

Havia um tal do Marvin Heemeyer. O seu Heemeyer morava em Granby, no estado estadunidense de Colorado, e era dono de uma oficina mecânica na cidade. Em 2001, um departamento qualquer da prefeitura que toma conta desse tipo de negócio decidiu que a área adjacente à oficina do seu Heemeyer seria usada pra construção de uma fábrica de cimento. O senhor Heemeyer, ao perceber que a fábrica meio que cobriria sua pequena oficina e seria péssimo pros negócios, lutou com a prefeitura incessantemente.

E perdeu em todas as instâncias. O Heemeyer se recusou a desistir e começou a coletar assinaturas de seus amigos e familiares, tentando através da petição mudar a idéia da prefeitura. Provando mais uma vez que esse lance de petições é um exercício tão eficiente quanto escrever uma carta ao papai Noel, o plano de Heemeyer falhou miseravelmente. Se o prefeito usou a petição como papel higiênico no mesmo dia em que a recebeu é algo que jamais saberemos, embora eu prefira acreditar que sim.

Sem qualquer alternativa e mais puto do que eu ou você jamais estivemos nessa vida, o seu Heemeyer chutou o pau da barraca. O cara vendeu seu negócio e seu terreno, e passou os próximos seis meses trancafiado na sua oficina construindo uma ferramenta de destruição jamais concebida pela humanidade.



A imagem que você vê acima é o que acontece quando você soma raiva incomensurável + um trator Komatsu D355A + um bocado de metal e concreto. Heemeyer havia decidido que a prefeitura havia acabado com a vida dele, então o lógico passo seguinte seria arrastar toda a cidade pro inferno com ele.

O mecânico passou meses e meses projetando sua máquina de destruição e horror, e ele não deixou nada ao acaso – Heemeyer equipou o trator (que ele havia comprado dois anos antes pra renovar sua oficina) com placas de metal e concreto de vários centímetros de espessura. Além disso, ele também instalou várias câmeras e circuitos de TV que o conferiam 360 graus de visibilidade dentro da cabine do trator, um sistema de purificação de ar, e até mesmo geringonças que disparavam ar comprimido pra manter a linha de visão das câmeras desobstruída de entulhos.

E antes que você pense “mas era só atirar nas câmeras então”, do alto da sua experiência de sniperagem em Battlefront 2, as próprias câmeras eram protegidas em caixas de acrílico a prova de balas de 3 polegadas de grossura. O maluco havia pensado em tudo.

Ah, quase esqueci – ele também tinha ao seu dispor um arsenal de armas automáticas e pistolas. ele havia até tido o cuidado e deixar frestas na armadura do tanque, por onde ele poderia atirar.

No dia fatídico, Heemeyer entrou no seu tanque de guerra improvisado e, mostrando que ele tinha 4 ou 5 culhões, soldou a porta de entrada por dentro. O cumpadi estava plenamente decidido a morrer dentro da sua monstruosidade de metal e concreto.

O trator-tanque (que a mídia apelildou de Killdozer) explodiu pra fora da oficina da forma mais espetacular possível: o sujeito simplesmente passou por cima da parede lateral do prédio com o trator. E dali em diante saiu passando por cima de qualquer outra coisa no seu caminho.

Heemeyer destruiu o prédio da prefeitura, o prédio do corpo de bombeiros, a casa da viúva do juíz que havia dado a vitória ao outro lado da disputa, a sede de um jornaleco qualquer que havia impresso um editorial criticando sua luta contra os poderes da cidade, a loja de um sujeitinho que aparentemente havia olhado-o de mal jeito e incontáveis veículos que estavam tranquilamente estacionados nas redondezas.



No final das contas, 13 prédios foram destruídos causando um total de mais de US$7 milhões em danos. É possível que Heemeyer teria escalado pra fora do Killdozer e pessoalmente peidado nas faces de todas as pessoas que ele acreditava terem fodido-o, se ele não tivesse se selado permanentemente dentro do trator.

E enquanto isso, a polícia e a Guarda Nacional assistiam o espetáculo com impotência. As autoridades perceberam rapidamente que nada mais fraco que armas contra veículos blindados seria capaz de sequer fazer cócegas no imponente Killdozer. Um dos tiras chegou a jogar uma flashbang no escapamento do trator, sem resultados. Killdozer kept killdozing.

Quando os polícias decidiram tentar escalar o monstro metálico e concretálico pra extermina-lo a la Shadow of the Colossus, adivinha – os caras descobriram que o mecânico havia até mesmo bezuntado o exterior da armadura com óleo, pra impedir justamente esse tipo de manobra.

Há um vídeo da espetacular destruição, mas não mostra muita coisa.



Pra tornar a coisa mais hilariante ainda, vale lembrar que em determinado momento o desespero foi tamanho que a turma resolveu enviar outro trator pra pelejar contra o Killdozer, na esperança de impedir o plano de destruição do Heemeyer. No subsequente combate de máquinas que foi a coisa mais próxima de Transformers na vida real que jamais testemunharemos, Killdozer saiu vencedor.

Quando os policiais finalmente decidiram apelar pra armas anti-tanque, alguém com bom senso (ou falta de senso de diversão) alertou-os pro perigo de que as explosões contra o tanque poderiam esculhambar a cidade mais do que o próprio tanque. Os caras estavam sem esperança e parecia que a cidade inteira estava sem salvação da fúria destrutiva de Heemeyer.

A saga de Killdozer veio a um fim abrupto quando uma das esteiras do trator caiu no vão criado pelo porão de um dos prédios que Heemeyer tentava derrubar, e com isso o trator ficou imóvel. O motor da parada, já cansado de tanta destruição, começou a falhar também. Os policiais viram nisso sua oportunidade de se aproximar do Killdozer pra bolar uma forma de desabilitar a máquina.

E subitamente, ouviram um único tiro vindo de dentro da cabine do trator. Instantaneamente, eles sabiam do que se tratava – Heemeyer havia se matado. Doze horas depois, as autoridades conseguiram cortar a armadura do trator e verificar o total comprometimento do Heemeyer ao seu plano de destruição. O Killdozer estava recheado com várias armas, munição, comida e água pra vários dias. O fato de que Heemeyer havia se lacrado dentro do trator não deixava dúvida alguma em relação ao seu plano de morrer e arrastar boa parte da cidade junto com ele.

Cinco anos atrás, Marvin Heemeyer fincou o pé no chão e essencialmente falou “fodam-se todos vocês” com estilo e comprometimento inéditos. Seu legado viverá para sempre.

Esse texto show de bola foi feito por Kid e tirado deste blog: http://hbdia.com/wordpress/2009/06/04/quatro-de-junho-long-live-killdozer/

2 comentários:

ridorgo disse...
on

melhor post dos últimos tempos... parabéns, cara.

ciberdek disse...
on

Não leve a mal, mas este post não foi copiado daqui:

http://hbdia.com/wordpress/2009/06/04/quatro-de-junho-long-live-killdozer/