Pretensiosamente Orangotangos

Fim de semana passado fui ver o mais novo lançamento do cinema gaúcho, o tão falado filme "Ainda Orangotangos".
Basicamente, o filme é um plano sequência de mais ou menos uma hora e vinte, onde diversas histórias e personagens se cruzam. Já conhecia os outros filmes do diretor Gustavo Spolidoro ("Velinhas" de 1998 e "Outros" de 2000), ambos também sem cortes, porém em curta metragem, e sempre fui fã do cara. Fazer cenas em plano sequência não é mole, poucos caras fazem isso bem. Brian de Palma é foda nisso (no filme "Snake Eyes" a sequência inicial tem uns dez minutos e é muuuito afudê), Tarantino fez algumas coisas e Hitchcok fez um filme inteiro também. Dos filmes mais recentes, "Desejo e Reparação" tem uma cena incrível de uns 5 minutos com os personagens andando na praia cheia de soldados depois da batalha. Mas enfim...
Tô escrevendo é para falar dos Orangotangos do Spolidoro.
Antes de entrar no cinema lí o cartaz, cheio de frases indicando o filme como puta inovador, frenético e blá, blá, blá...



Porém, o que eu ví foi um filme bem abaixo das minhas expectativas. E alguém pode dizer: "Mas é difícil fazer plano sequência sem verba e etc..." Só que o pior, é que o plano sequência é super bem feito (pra um filme sem grandes verbas), e o que fode é a história e os péssimos atores.
Na boa, o roteiro é ridículo, com personagens forçados, caricatos e extremamente clichês. Parece que o cara leu todos os livros do Bukowski, viu os filmes do David Linch, fez uma média disso tudo e transportou de uma maneira péssima pra Porto Alegre com sotaque gaúcho. Parece que ao escrever o roteiro, o cara pensou: "Hummm... o que pode chocar as pessoas aqui...Deixa ver... Japoneses locos sem explicação... Meninas que se beijam... Um Papai Noel bêbado... Pessoas que tomam perfume... Uma overdose ali... Mais um pouco do professor que come a aluna... Ah! Já sei, um velho que vaga pelo Bom Fim editando livros de um doente... Acho que é isso... Fim".



Sério, é muito ruim. E é ruim pelo mesmo problema de sempre do cinema gaúcho: a pretensão.
O que custa fazer um filme direitinho, limpinho, bem acabadinho. Tem sempre que ser pretensioso ao extremo?
O lance do plano sequência já é uma puta tentativa legal. Custava muito não deixar o filme escroto com personagens e atores ruins?
Sabe qual é o melhor dos personagens do filme? O porteiro do prédio. Sabe porquê? Porque ele é só um porteiro de prédio. Um personagem de verdade em uma cidade de verdade. É isso que falta pro filme ser legal, verdade. Não que a história precisa ser real, não é isso. Mas quando se cria personagens tão impactantes, o mínimo que eles precisam fazer é nos convencer. E isso passa bem longe do filme.
Se não temos verba pra ter atores fodas, maquiadores bacanas, figurinos legais temos que criar coisas que possam ser feitas pelo que temos da melhor maneira possível.
Uma pena... Eu era fão do Gustavo e não sou mais.

17 comentários:

Unknown disse...
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Isso aí! Mais uma prova da necessidade do cinema aqui do RS precisar ser o ápice da obra prima sempre. O que adianta usar uma técnica muito boa se o filme é uma merda. Não vi, mas já concordo contigo.

Anônimo disse...
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poxa meu...

nao deixa de ser meu fã não!!


foda-se esse filme.. mas eu nao tenho culpa disso


ehehehehehehe

boa meu.. eu ia ver esse sabado, mas nao vou ver mais.. acho que vou ver mais uma sessao do filme que a adam sendler eh um cabeleireiro israelense.. aeuhuaeheauh

eu vi uns 10 dias atras e tenho certeza q o bernardao curtiu !!!

ridorgo disse...
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esse filme do adam sendler é genial, meu! eu ví tbm!

Gabriel disse...
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cara,
já me falaram muito mal desse filme.
Mais uma vez o cinema gaúcho se acha genial subentendido e produz mais uma bela merda.
Basta fazer a coisa direitinha que nem o Jorge Furtado que dá certo.
Isso é coisa daqueles bixo-grilos amigos do Porto do Bom Fim.
Portinho, tu me enoja!

Bia disse...
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Olá! O Gabriel Michels me indicou esse link e, coincidentemente, eu escrevi sobre o filme, com considerações semelhantes e usando a mesma foto. Acho que o casal perfumado com overdose foi a coisa mais idiota que já vi na tela grande.

ridorgo disse...
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pois é, essa cena em específico me fez pensar: realmente existe isso?

Anônimo disse...
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muito obrigado colega rodrigo capitao.. me poupasse 15 pila do filme.. acho qeu agora vai dar pra comprar o album do campeonato brasileiro !!!

Anônimo disse...
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Que palavras sensatas, meu caro amigo. Muito bom ;)-

Anônimo disse...
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Propostinhas.
Isso que nos fode.

Vinicius Emilio disse...
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Acho que vale constar: os personagens não foram "criados"a esmo como pode ter pensado o autor do comentário, mas retirados ou baseados em personagens do livro homônimo de Paulo Scott.

ridorgo disse...
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O que tu quer dizer com isso, cara?
Que os personagens do filme são legais porque são do livro homônimo do Paulo Scott?
Não fiz nenhuma crítica ao livro do Scott, até porque sei que lá, os personagens funcionam. O que não acontece no filme...

Vinicius Emilio disse...
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A proposta já vem lá do livro: situações bizarras, personagens bizarros. Alguns clichês? Sim, concordo. Como o nosso público crítico formador de opinião: clichê de falar mal. Não chamo de pretensão, mas de proposta. Tem que ir ao cinema pronto para uma proposta, não um modelo de filme Mac Globo do Furtado. Em tempo: tem que assistir primeiro e falar mal depois, só depois... Senão, a crítica fica irresponsável.

ridorgo disse...
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Discordo de ti, cara. Não acho que nossos formadores de opinião sempre falem mal. Sobre o filme do Spolidoro, não li nenhuma crítica ruim. Todo mundo pagando pau para um filme rui só porque é "proposta". Aliás, ser proposta salva qualquer coisa, né? Se é mal filmado, é proposta, se o audio é ruim é proposta, se a minha calça rasgou é proposta...

B. disse...
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Vinicius, certo que tu é um "intelectualzinho" que discute o capitalismo e acha que Cuba é o país das maravilhas. Se o filme é ruim, é ruim. "Aí, personagens de Scott, gênio! Gênio!". E daí? Só porque o cara lê livros (se leu) quer dizer que o filme dele tem que ser bom? Esse é o problema, ninguém aqui está discutindo o cara querer fazer uma proposta, filme, ensaio, poema, que seja. Mas, se quer mostrar uma proposta, mostra numa sala de aula. É um filme e - agora vai cair o teu mundo - é comercial. Porquê fazer disso um filme bom? Proposta é desculpa para fazer qualquer bosta e jogar na tela. A falta de crítica a esse filme é mais um exemplo do retrocesso que estado se encontra.

E não fala mal do Furtado.

gustavo.L disse...
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eu sou daquela filosofia...

quem faz filme metido a intelectual é porque ta afim de sentar no salame.. baitola total..

filme bom é aquele q a unica coisa q o cara precisa pensar é em quem será o próximo a ser metralhado..

daí me aparecem uns aqui, pq leram 3 livros de autores metido a intelectual cult, ou pq leram duas orelhas de nietczhe ou sabem meia duzia das ideias de chomsky e ja acham que estao no patamar de discutir algo..

agora eu pergunto.. quantas mina tu comeu nesse ano sabendo o que é bom ou ruim? nenhuma ne... mas aposto que umas 3 bixas ja se pingaram pra esse teu discurso putalhao de ser...

faça-me o favor.. eu tenho mais o que fazer... vai usar um all star rasgado e fumar um cigarrinho e fazer pose de macho aviadado.. q nem assim esse bando de playboy da modernidade consegue se passar por pessoas de personalidade forte.. bando de cu de cachorro.. nao sabem fazer um arroz com linguiça !!!

Carlos Gomes Prefeito Já !!!

Vinicius Prestes disse...
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Este comentário foi removido pelo autor.
ridorgo disse...
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hey!! quem tá deletando comments aí?