Alguns dias atrás estava conversado com um grupo de pessoas que se diziam gostar de cinema. É claro que gosto é gosto, tanto a pior opinião sobre um filme é a de um crítico profissional. Um filme é um estado de espírito, uma emoção, um sentimento. As vezes é uma crítica, as vezes uma história real ou até mesmo não representando nada.
O cinema é uma arte. Não se pode comprar cinema com literatura, por exemplo. São duas coisas diferentes. São duas expressões de sentimentos. Porque ninguém compara um ler a pinta? A esculpir? É a mesma coisa. Mas não, existem as pessoas que condenam e falam que o filme acaba com a graça de um livro, pois é muito melhor imaginar as cenas, figuras, personagens do que já coloca-los prontos.
Ninguém obriga ninguém a nada. Um filme é um sonho, é o que alguém quis mostrar. Aceitar ou não, como qualquer arte, vem do espectador. Exatamente como na literatura, pintura, musica e as outras.
O problema, é claro, é a intelectualização que foi colocada. Especialmente por que se formos comparar o cinema brasileiro com o resto do mundo, em questão de técnicas, efeitos, enfim, em questão de tecnologia, não se pode nem fazer essa comparação.
Como sempre, o que não precisa de dinheiro, mas sim de capacidade e criatividade sabemos que somos geniais. Nossos roteiros estão entre os melhores do mundo. Nossas idéias, nossas histórias, nosso jeito de levar o filme. É fato que tudo isso é genial.
Mas ao invés de evoluirmos em tudo (existem os 5 pontos do bom diretor, no cinema americano, aonde um dos itens é sempre estar atento as novas tecnologias), nos diminuimos e escondemos atrás de uma máscara cult. O filme pode ser uma porcaria, mas se alguém diz que tem uma mensagem sub-entendida, escondida a 3 minutos e 45 segundos de determinados curta metragens, ó! É mestre! Isso vindo de um diretor que não sabe nem realizar uma apresentação no Power Point. E provavelmente não saiba utilizar o word.
Eu pego os exemplos de alguns curta metragens (fundamentalmente os gauchos), que não são legais, não são bons, mas são aclamados pela crítica como coisas que só uma pessoa de outro mundo faria. É uma coisa cult. Sabe porque? Porque ninguém viu e nem entendeu nada. Como a cúpula de intelectuais gauchos (que me da nojo) disse que o cara é bom, os seguidores vão atrás e o aclamam como gênio.
Gênio é Kubric. Gênio é Hitchcock. Gênio é Einstein. Gênio é Pelé.
E no meio de tanta elevação ao cult, ao sub-texto inserido nas falas do protagonista que não fala,
um gênero é esquecido. Um dos mais dificieis de se fazer. Porque é necessário antes de tudo, quebrar uma barreira pesada na sociedade. A da vergonha.
A comédia. O engraçado. O fazer rir. A tão prazerosa sensação de fazer rir.
No Brasil e especialmente aqui no Rio Grande do Sul isso foi esquecido - e pior – marginalizado. Ninguém mais quer mostrar os dentes.
Na minha opinião, o gênero fundamental. Tantos fizeramo tanto com ele. Chaplin, Moliére, dos mais antigos e para pegar as minhas referências (as mais atuais, mas isso é outro tópico), Steve Carrel, BJ Novak, Zach Braff, Broken Lizard. Pode se colocar até o Jim Carrey, Eddie Murphy, Jack Black, John Candy... Enfim, citaria nomes aqui a tarde inteira.
Mas voltando a conversa que estava tendo com esse grupo de pessoas que se diziam gostar de cinema e que igualmente informaram que a comédia na verdade era uma perda de tempo, para quando eles não tinham o que fazer, confesso, me senti ofendido.
Então perguntei a primeira e basica questão que se faz quando está se falando desse gênero: “Vocês conhecem Monty Python?”. O mundo veio abaixo, com um sonoro e inacreditável não. Para gostar ou não de comédio, é necessário que primeiro se conheça esse grupo. No mínimo que se assista “Em busca do cálice sagrado”.
Comédia non-sense, é a definição da extremidade lúdica que chegam esses filmes. O Monty Python enchia seus filmes de críticas ao alto escalão inglês, a sociedade burguesa inglesa e aos intelectuais. Criticava histórias, lendas. Tudo que um filme de outro gênero, até mesmo documentário, muitas vezes tinha medo de fazer na época. Mas fazia isso de maneira tão genial, inserido em um contexto muitas vezes estúpido, que qualquer um entendia.
Eles são a referência para qualquer um que gosta de comédia, quer trabalhar com comédia ou simplesmente gostaria de dar risada.
Alguns deles, universitários inteligentes, que se destacavam nas notas dos cursos mais dificieis da Universidade de Cambridge. Não eram algumas pessoas estúpidas que descobriram um jeito de ganhar dinheiro (leia-se aqui coisas idiotas como o Pânico, a maneira mais fácil e deprimente de se fazer humor).
É um dever como ser humano de qualquer individuo conhecer Monty Pyhton. Assistam ao Flying Circus, seriado deles. E depois continuem assistindo as séries ou os filmes de quem se declara fã incondincional desse grupo como Seinfeld, The Office (inclusive tem um posto aqui no bolha sobre ele) ou Scrubs.
A ignorância está em se diminuir. Esse grupo fechado que poda a criação do cinema no Rio Grande do Sul, que condena aos que não querem sucumbir a necessidade de ser cult. Essas pessoas que influenciam a socidade inteira com suas opiniões, não só no cinema, mas na literatura e na musica (profundamente, mas também, ainda será outro tópico). O pior é que as pessoas se deixam levar por esse pensamento pequeno. Inclusive eu, como publicitário, convivendo com outros publicitários que estão profundamente ligados a esse padrão que foi imposto pora aqui vejo as pessoas se vestindo, ouvindo, fazendo, coisas dentro de um esterótipo que não foi escolhido por eles, mas apresentado a eles como opção para se mostrar ao resto do mundo do grupo que fazem. Essas pessoas forçam mostrar uma imagem que muitas vezes não são. Mas se viram obrigadas a ser porque conseguiram fazer parte de um grupo que ignorantemente se vê rodeado por pessoas iguais e se sentem bem quanto a isso.
E tudo sempre começa dos meios que influenciam o mundo. O cinema.
Sim, eu gosto de American Pie (1 e 2), eu gosto de Super Bad, eu gosto de Beerfest. Eu gosto de Road Trip, eu gosto de Eurofest. São filmes engraçados, feitos por pessoas engraçadas e quem tem como principal referência quem? Monty Python. Os mesmos “desconhecidos”, mas que entram na lista de preferência dos principais diretores e intelectuais de todo o mundo. Ou seja, voltamos a velha e irônica hipocrisia. Se em qualquer lugar do mundo existe isso. Aqui em Porto Alege, multiplique por 45.
Fica registrado meu protesto. Alguns vão entender, outros não. Isso é uma discussão não um convencimento.
E para essas pessoas que fazem parte da mão invisivel da censura moderna, aonde as bases de quem está iniciando são cortadas ou direcionadas para um lado pequeno do cinema, fica um recado de Brian.
Quem encontrar agenialidade subentendida do cinema gaúcho me mostra por favor.