Ensaio Sobre a Cegueira (Agora simmm!)

Ví nesse fim de semana o filme novo do Meirelles, “Ensaio Sobre a Cegueira” (ou “Blindsness” como eles chamam lá). Para quem não sabe, o filme é uma adaptação do livro, de mesmo nome, do escritor, poeta, roteirista, jornalista e o diabo à quatro José Saramago.

Basicamente, o filme fala sobre uma estranha epidemia de cegueira instantânea que atinge o mundo. Aos poucos todos vão ficando cegos, e com medo do suposto vírus, o governo decide colocar todos os infectados em uma espécie de asilo de quarentena. A única pessoa que não fica cega é a personagem vivida por Julianne Moore.
Contando assim, parece um filme besta de ficção-científia, mas a história vai muito além disso.


Mas não estou escrevendo para falar sobre a história do filme, que só por ser do Saramago, já sabia que era legal. Estou escrevendo é para comentar que puta filme, bem feito, bem pensado, bem acabado o Meirelles fez. Dá para ver que tudo que está lá foi pensado, repensado, estudado e executado de uma maneira muito foda. Direção de arte foda, fotografia foda, trilha foda… Tudo jogando a favor da experiência que o espectador deve sentir ao ver o horror que aquelas pessoas passam.

É um filme que divide a crítica especializada, muitos acharam exagerado e aquém da experiência do livro, e outros disseram que meirelles fez um trabalho de gênio. Mesmo achando que tem algumas (poucas) falhas, ainda fico com a segunda opção. Saí do cinema tenso e reflexivo enquanto minha namorada limpava algumas lágrimas. Foda.
E adivinha que poster eu ví logo na saída? Ele, os orangotangos malditos…


Fiquei pensando sobre a diferença dos dois filmes. É incrível como um parece superbem pensando e o outro resolvido do jeito que dá (e antes que algum retardado venha dizer que “é incomparável com a diferença de grana dos dois filmes”), não é só isso que faz “a” diferença.

Para mim, o pulo do gato está em pensar no filme, pensar o filme. Nada é de graça. O que sobra tem que sair for a e ficar só coisas que somam e fazem o filme ficar completo. E, embora tenha causado uma certa polêmica no outro texto sobre o Ainda Orangotangos, continuo dizendo que o filme é gratuito. Cenas gratuitas, falas gratuitas, personagens gratuitos. Que para mim, não serviram nem para entreter. Diferente do Meirelles que pensou do início ao fim o que iríamos ver e ouvir e sentir.

Durante o processo de filmagem de Ensaio sobre a Cegueira, Meirelles fez um blog, que resolvi não ler na época, pois não queria descobrir nada ssobre o filme antecipadamente, porque expectative é tudo, né? Então, depois de ver o filme, lí o blog todinho e consegui ver realmente, que a sensação de filme bem pensado que eu fiquei ao sair do cinema, tinha realmente sido verdade. O filme foi mega pensado em cada detalhe, vale muito a pena conferir no blog por tudo que o Meirelles passou durante as filmagens (pra quem curte cinema, é imperdível. Quase uma aula, ou várias…). Só para se ter uma idéia, dá uma olhada nessa reproducão do quadro do Brueguel que rola durante o filme.


Fora este Brueguel, Meirelles disse que existem diversas referências de obras famosas desde “Hieronymus Bosch, Rembrandt, Malevitch, alguns dadaístas, cubistas, Francis Bacon, gravuras japonesas, e principalmente algumas telas do Lucien Freud que nem referências são, são cópias mesmo. Homenagem” – escreveu no blog.

O link do blog é esse aqui: http://blogdeblindness.blogspot.com/

Abaixo segue o trailer do filme.



E para aqueles que dizem que o filme não faz jus ao livro, dêem uma olhada no que o velho Saramago disse assim que acabou de ver o filme.

4 comentários:

gustavo.L disse...
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Bom, vamos as minhas considerações..

1 - Não vi o filme, mas depois do que tu escreveu vou tentar ver o quanto antes, até pq vai aparecer um monte de otario querendo contar o que acontece no filme.

2 - tu ta escrevendo muito bem.. devia largar esse lance de diretor de arte e virar redator ou critico de cinema

3 - apesar de em alguns casos os livros serem otimos.. sempre achei que essa frase clichê que diz "o livro é bem melhor do que o filme" é a maior lorota de pseudo leitores que leram 3 livros e usam essa frase pra dizer que são ultra cultos cults intelectualóides... nao da pra comprar um calhamaço de páginas com um rolo de imagens... é o mesmo que tu querer comparar o chicago bulls do jordan com o santos do pelé... os dois são esportes tinham a mesma finalidade, ganhar.. mas nao faziam a mesma porra...

4 - a ideia do mundo ficar cego é muito boa.. nao conhecia essa historia do saramago antes de esse filme ser lançado.. mas essa é uma boa sacada pra dar liçoes de moral em um mundo bitolado..

5 - tu se esqueceu de dar bolhas ao filme.. mas pelo que tu falou acho que daria 5 bolhas....

6 - gremio vai ser campeao brasileiro!!

7 - o magrão tem que cortar aquele cabelo dele.. ta ridiculo!

ridorgo disse...
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dou 4 bolhas.
5 bolhas só pra filmes melhores que Os Goonies, o que é quase impossível...

B. disse...
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Eu estava com uma pequena vontade de ver esse filme, mas depois do que li preciso ver esse filme.

- Foi uma falha não ter colocado a graduação bolhal do filme.

- Já escrevi isso e repito: não se pode comprar livro com filme. São duas expressões artísticas diferentes. Odeio a frase "o livo é muito melhor" como já disse o Gustavo.
- Na verdade o que me dava mais raiva era nosso antigo professor, para não citar nomes, "Ligue já, Carlos, Ligue já", falando sobre o filme "A Paixão de Cristo". Na suas exatas palavras "Não vou ver o filme, prefiro ler o livro". Babacão, todo mundo sabe que tu nem deve ter uma bíblia em casa. Enfim, isso para mim resume como um livro e um filme não podem e nem devem ser comparados.

- Furtado mestre.

- Vote Carlos Gomes 31.

Gabriel disse...
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bah, nível do goonies nunca vai ter.