Poltrona 36

Aquela imagem perturba, e volta toda noite para atormentar o pobre homem chamado Hélio Dourado. Como pode, a dupla de zaga, que sempre foi sinônimo de grossura, força, masculinidade. Nada é mais imponente e ninguém é mais macho do que um zagueiro.... não na poltrona 36.

JORNAL DO COMÉRCIO – 30/12/2004
“No andar de baixo foi realizada uma farra, enquanto integrantes da comissão técnica, dirigentes e a maioria dos atletas tentava descansar no andar de cima.
Esse comportamento se repetiu na vinda de Pelotas, depois do jogo contra a Ponte Preta. Nessa noite, no andar de baixo, os rapazes alegres até dançaram a Éguinha Pocotó. O dr. Hélio Dourado, um gremista de história no clube, se diz chocado com o que viu: “ Vi coisas que jamais pensei que veria. Esses cavalheiros, com graves problemas de comportamento, não podem vestir a camisa do Grêmio”, disse Dourado, um dos cardeais do clube. O andar de cima do Trovão Azul possui dezenas de poltronas. A última, lá na parte traseira do ônibus é a poltrona de número 36. Não fosse se localizar praticamente em cima das rodas traseiras, a poltrona 36 seria igual as outras. Ela dispõe do mesmo conforto e até amacia os solavancos. Normalmente, os jogadores que querem descansar ficam bem distantes do fundo do ônibus. Lá, um mesmo grupo se aboleta no conforto das poltronas para jogar conversa fora. A conversa, quase sempre em tom mais alto, provoca gargalhadas homéricas. Quem quer silêncio, também não senta por lá. Pois, foi na poltrona 36, no fundo do ônibus, que um dirigente teria visto uma cena que o teria escandalizado. Pelo menos era isso que se dizia na noite da posse de Paulo Odone, na presidência do Grêmio. A bordo do Trovão Azul o time voltava de Curitiba. Um dirigente estava sentado nas poltronas localizadas na parte da frente do ônibus. Cansado, e sem conseguir conciliar o sono resolveu espichar as pernas. Ele se levanta e vai até o fundo do ônibus e vê uma cena que o deixou petrificado. Na poltrona 36, dois jogadores, desolados com a derrota ou alheios a ela, se consolavam. Escandalosamente.”
No grupo colorado, o fato é motivo de piada até hoje. Há tempos jogadores do Inter se negam a sentar na poltrona de número 36 do ônibus que leva a delegação colorado.

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